As gravuras de Felipe Abranches lançam um olhar sobre sua própria cultura, porém, debruçando-se no popular, no rural, no antigo. Com influências do realismo fantástico, recolhe referências visuais para retratar vivências e conhecimentos (com uma certa dificuldade em separar o real do imaginário), e como isso o transforma ou altera. Entretanto, o inventado é o mais importante das narrativas, ficando o real muitas vezes relegado ao descritivo em suas imagens. A mentira tem mais força e convicção do que a verdade ou a própria realidade.

Está muito presente, também, uma busca ao espiritual no homem e na natureza, muitas vezes transformando essa busca em uma proximidade iminente com experiências de quase morte. Daí surgem as figuras mitológicas, folclóricas ou fantásticas, em sua relação mais próxima dos discursos de fragilidade e insignificância da condição finita do homem.